terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

45º postagem: resenha Belleville

Olá leitores,

  Demorei para fazer essa resenha. Olhava o livro na estante, sua lombada discreta me chamando...mas eu não conseguia. Fazer resenha para mim é como dar um fim definitivo e eu realmente não queria simplesmente tirá-lo da minha cabeça assim tão rápido.
  Quando você olha para a capa de Belleville a última coisa que espera é uma história fora do real. Achava que era um romance romântico, um casal vivendo a vida, algo simples e corriqueiro, MAS PELO AMOR! O que foi isso que eu encontrei? Uma história de destinos, de linhas traçadas, de amores destinados, de sofrimento, de alegria, de angústia e imaginação.
  O livro do brasileiro Felipe Colbert conta a história de Lucius, um jovem que acabou de entrar na faculdade da linda Campos do Jordão e arrumou um casarão antigo para morar. Quando ele encontra algumas toras no quinta da casa acaba entrando em uma aventura que mudaria sua vida por completo.
Ele descobre que os pedaços de madeira são, na verdade, o começo do uma montanha russa de 50 anos atrás. Junto com isso, o jovem acha entre os livros da biblioteca uma foto antiga de uma jovem linda sentada no começo da construção. Seu nome era Anabelle. Não parou de ir atras de pistas, descobrindo assim um segredo guardado no antigo terreno jordanense.
  No inicio parece apenas uma história de um garoto e um sonho difícil de se concretizar, mas quando o inimaginável acontece, nos deparamos com um romance impossível, uma historia de amor maior que 5 décadas. Os protagonistas não poderiam ser mais encantadores: um jovem estudando e uma jovem tradicional cujos destinos foram cruzados a muito tempo. 
A gigantesca emoção e alegria que senti está na mesma proporção da angústia e ódio que surgiram no final do livro. Ele prende nossa atenção, nos congela na página e nos faz correr para saber o que vem em seguida. Os sorrisos e dores que senti valeram a pena. Você não vai querer parar de ler. Realmente, Belleville vai deixar uma ressaca eterna. 
  Cada capítulo tem uma lambretinha discreta desenhada na ponta, a mesma que pertencia a Anabelle e que Lucius usou durante a história. No decorrer da narrativa, a letra normal é substituída por uma representando as cartas escritas pelas personagens. Mais um toque delicado e bem pensado. 
  Belleville é mais um exemplo magnífico do que a literatura brasileira nos reserva. Autores brilhantes com ideias mais brilhantes ainda. Conheci Colbert na Bienal de 2014 e me arrependo por não ter lido mais rápido. História incrível e inesperada de um autor sorridente e carismático com muito orgulho do seu trabalha. Escreveu também livros como A Última Nota e Para Continuar, que já está na minha estante espetando para ser lido.  

Passagens favoritas:

"Parti o primeiro pedaço de bolo. Quando o salgado da lágrima misturou-se ao doce da massa, descobri que é amargo o sabor da solidão." Pág. 36

"Mas é como dizem: não faça da sua vida um rascunho, ou poderá não ter tempo de passá-la a limpo." Pág. 152

"Não, não entendia. Só sabia que colocar a culpa em outra coisa era a saída dos fracos" Pág.237

"A única coisa que podemos certificar é que o fenômeno só ocorria entre nós dois, talvez porque fosse uma história destinada às nossas vidas, assim como quando os bebês nascem e seus nomes são escolhidos" Pág. 299

"" Pág.301


Espero que tenham gostado 
Muitos beijos
Cherry Suicide 
 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

44° postagem: Resenha Lobos não Choram

Olá leitores,
  Quem leu minha última resenha sabe que eu meio que... julguei o livro pela capa. Eu sei que isso é errado, além de ser um dos principais mandamentos para um leitor, mas não pude evitar. Com o livro Lobos não Choram não foi diferente, ainda mais que tinha acabado de acabar um livro fantástico que me deixou com uma ressaca muito grande (breve resenha). Achava que seria mais uma simples história, até meio sem sal, de um romance de lobos: ela submissa e especial e ele nervoso, mas que precisa dela para viver. MAS NOSSA! como eu estava errada.
  Para entender melhor o livro, a editora colocou o conto “Alfa e Ômega”, que pertencia à coletânea “A Caça”, no final para quem quisesse entender de onde veio algumas das informações principais da história, mas o que me prendeu na leitura foi mais que o romance ou essas informações extras, foi o conflito principal. Ele se passa em poucos dias, assim que a jovem lobo Anna, um ômega raro com poder de acalmar até o mais raivoso lobo, é resgatada do sofrimento e do abuso pelo filho do lobo chefe, Charles. Depois de uma intensa luta com a alcateia de Chicago, Anna acompanha o jovem e seu pai até Montana para a nova alcateia. Já era meio óbvio que um casal nasceria, mas o jeito como foi criado e escrito fez ficar mais intenso que um simples romance: uma história de necessidade. Ela era dele... e ele era dela. Após chegarem na casa de Charles, o casal recebe a missão de ir atrás de um lobo desgarrado que anda matando algumas pessoas na floresta próxima. Com várias corridas, sapatos de neve, lendas e momentos tensos, o resto da história se passa na nessa floresta congela e lá descobrem o mistério por trás dos assassinatos e dos problemas que andavam acontecendo.
  Tão rápido quanto as ações acontecem, acabei o livro em poucos dias e o romance, o conflito e a escrita já deixaram saudades. Patricia Briggs em 295 páginas fez meu coração apertar quando alguém quase morria, quando alguém ganhava um abraço ou quando um pelo ganhava um carinho. Gestos e sentimentos que mudam tudo. Uma coisa legal é que a autora explora muitas lendas e lugares precisando nos dar informações diferentes e mais concretas para fazer sentido no contexto da história. Para isso, ela coloca aqueles numerinhos com as explicações necessárias no rodapé, que vão desde lugares em Chicago e Montana até lendas de criaturas e tribos antigas. Espero que os próximos livros da sequência sejam tão bons quanto o primeiro livro.
  Podem julgar ou até desistir de ler pelo próximo comentário, mas para mim é uma mistura de Crepúsculo, pelo romance e pelas ações rápidas, com uma pitada de Belo Desastre (<3), de Jamie McGuire, no amor necessário, especial, submisso e poderoso do casal Anna e Charles.

Passagens Favoritas

“Então se perguntou por que ter esperança era muito mais difícil do que ser tomada pelo desespero. ” Pág. 88

“Charles ficava constantemente para trás, e Anna juntava-se a ele quando ele se distanciava da alcateia. Na frente dos outros lobos, ele se comportava com dignidade solene. Quando estavam sozinhos, Charles de repente se esquivava para o lado, fazendo-a cair antes que Anna pudesse se preparar, e o jogo continuava. [...] ” Pág. 294  

Espero que tenham gostado
Muitos beijos

Cherry Suicide 

Beco do Batman- 2014
Foto original da CS

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

43° postagem: resenha Diga as Lobos que Estou em Casa

Olá leitores,

  Aparentemente, as aparências enganam. Quando comprei o livro “Diga aos lobos que estou em casa” esperava uma narrativa fantástica, com mistérios e magia para entrar em um mundo paralelo e além da realidade. Porém, nesse primeiro romance de Carol Rifka Brunt me deparei com June Elbus, uma menina simples com uma vida chata, mas cheia de sonhos e esperanças. Ela passava a maior parte dos dias ao lado de seu tio Finn, um renomado pintor que alimentava esses sonhos mágicos e apresentou um mundo onde o que importa era ser feliz. Porém, após Finn morrer da temida AIDS, June perde seu único e melhor amigo. Após alguns telefonemas, entregas estranhas e cartas com endereços cômicos, a menina acaba descobrindo o misterioso namorado de seu tio, Toby. No começo, June tinha raiva do moço, pois foi levada pela onda familiar e culpou-o da morte de Finn. Com o tempo, as coisas mudam e June descobre um jeito de manter seu tio por perto e ainda... fez um novo amigo.

  Com uma narrativa simples, Carol nos transporta para 1987, quando a grande e temida AIDS era uma incógnita para todo o mundo. Somos levados ao dia-a-dia da jovem June e, ao mesmo tem que a história se desenvolve entre ela e Toby, reconhecemos a inocência dela e o tanto que ela teve que amadurecer para lidar com as coisas a sua volta. Poderia ser um livro chato sem um mínimo de ação? Sim, talvez. Talvez seja isso mesmo que ele é, mas teve momentos que eu quis entrar no livro para dar uns bons tapas na irmã da June. É isso que faz a narrativa ser legal de ler, essas emoções esporádicas que temos enquanto entramos nessa nova história.
  Sendo assim tão normal, “Diga aos lobos que estou em casa” nos cativa pela sua simplicidade e pela torcida que temos para que tudo dê certo para a caçula da família Elbus. É um livro para quem quer descansar a cabeça das aventuras fantásticas e mergulhar em um bairro simples, com a vida normal de uma família do subúrbio e uma jovem a procura de descobrir quem ela é, quem ela quer ser e o que estão escondendo dela. A capa é o que mais chamou minha atenção. Sou simplesmente apaixonada por ela, os desenhos, ar cores e o jeito que o título se encaixou em tudo isso é fantástico.

Passagens favoritas:
 “ Se você pensar que uma história pode ser como um tipo de cimento, do tipo aguado que se coloca entre os tijolos, do tipo que parece cobertura de bolo antes de secar e endurecer, então talvez eu achasse que seria possível usar o que Toby tinha para segurar os pedaços de Finn, mantê-lo aqui comigo mais um pouco. ” Pág.107

“Eu sentia ter provas de que nem todos os dias têm a mesma duração, nem todo o tempo tem o mesmo peso. Prova de que há mundos e mundos e mundos por cima de mundos, se você quiser que eles estejam ali. ” Pág.137

“ [...] -Qual é o único superpoder de June Elbus? [...]
   -Coração. Coração duro- falei, sem saber ao certo de onde aquilo viera.- O coração mais duro do mundo.” Pág.235

“O sol continuava escorregando para longe, e imaginei quantas coisas pequenas e boas do mundo poderiam estar se apoiando nos ombros de algo tão terrível. “ Pág. 305

“Eu falei sério. Realmente me perguntava por que as pessoas sempre estavam fazendo coisas de que não gostavam. Parecia que a vida era um tipo de túnel cada vez mais estreito. Logo que você nascia, o túnel era enorme. Você poderia ser qualquer coisa. Depois, mais ou menos no exato segundo depois de você nascer, o túnel se reduzia para cerca da metade daquele tamanho. Você era menino e já estava certo que você não seria mãe e provavelmente não se tornaria manicure nem professora de jardim da infância. Depois, você começava a crescer e tudo o que fazia fechava o túnel mais um pouco. Você quebrava o braço subindo em uma árvore e descartava ser arremessador de beisebol. Era reprovado em todas as provas de matemática que fazia e cancelava qualquer esperança de ser cientista. Assim. De novo e de novo, ao longo dos anos, até você ficar preso. Você se tornaria banqueiro ou bibliotecário ou barman. Ou contador. E aí estava. Eu pensava que, no dia da sua morte, o túnel estaria tão estreito, você teria se apertado tanto com tantas escolhas, que simplesmente seria esmagado. ” Pág. 330


“E se você acabasse no tipo errado de amor? E se você, por acidente, acabasse no tipo apaixonado por alguém que seria tão nojento se apaixonar que nunca poderia contar a ninguém no mundo a respeito? O tipo que você teria que empurrar tão fundo dentro de si mesmo que quase transformaria seu coração em um buraco negro...” Pág. 354

"" Pág. 451

Espero que tenham gostado
Beijos
Cherry Suicide