segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

43° postagem: resenha Diga as Lobos que Estou em Casa

Olá leitores,

  Aparentemente, as aparências enganam. Quando comprei o livro “Diga aos lobos que estou em casa” esperava uma narrativa fantástica, com mistérios e magia para entrar em um mundo paralelo e além da realidade. Porém, nesse primeiro romance de Carol Rifka Brunt me deparei com June Elbus, uma menina simples com uma vida chata, mas cheia de sonhos e esperanças. Ela passava a maior parte dos dias ao lado de seu tio Finn, um renomado pintor que alimentava esses sonhos mágicos e apresentou um mundo onde o que importa era ser feliz. Porém, após Finn morrer da temida AIDS, June perde seu único e melhor amigo. Após alguns telefonemas, entregas estranhas e cartas com endereços cômicos, a menina acaba descobrindo o misterioso namorado de seu tio, Toby. No começo, June tinha raiva do moço, pois foi levada pela onda familiar e culpou-o da morte de Finn. Com o tempo, as coisas mudam e June descobre um jeito de manter seu tio por perto e ainda... fez um novo amigo.

  Com uma narrativa simples, Carol nos transporta para 1987, quando a grande e temida AIDS era uma incógnita para todo o mundo. Somos levados ao dia-a-dia da jovem June e, ao mesmo tem que a história se desenvolve entre ela e Toby, reconhecemos a inocência dela e o tanto que ela teve que amadurecer para lidar com as coisas a sua volta. Poderia ser um livro chato sem um mínimo de ação? Sim, talvez. Talvez seja isso mesmo que ele é, mas teve momentos que eu quis entrar no livro para dar uns bons tapas na irmã da June. É isso que faz a narrativa ser legal de ler, essas emoções esporádicas que temos enquanto entramos nessa nova história.
  Sendo assim tão normal, “Diga aos lobos que estou em casa” nos cativa pela sua simplicidade e pela torcida que temos para que tudo dê certo para a caçula da família Elbus. É um livro para quem quer descansar a cabeça das aventuras fantásticas e mergulhar em um bairro simples, com a vida normal de uma família do subúrbio e uma jovem a procura de descobrir quem ela é, quem ela quer ser e o que estão escondendo dela. A capa é o que mais chamou minha atenção. Sou simplesmente apaixonada por ela, os desenhos, ar cores e o jeito que o título se encaixou em tudo isso é fantástico.

Passagens favoritas:
 “ Se você pensar que uma história pode ser como um tipo de cimento, do tipo aguado que se coloca entre os tijolos, do tipo que parece cobertura de bolo antes de secar e endurecer, então talvez eu achasse que seria possível usar o que Toby tinha para segurar os pedaços de Finn, mantê-lo aqui comigo mais um pouco. ” Pág.107

“Eu sentia ter provas de que nem todos os dias têm a mesma duração, nem todo o tempo tem o mesmo peso. Prova de que há mundos e mundos e mundos por cima de mundos, se você quiser que eles estejam ali. ” Pág.137

“ [...] -Qual é o único superpoder de June Elbus? [...]
   -Coração. Coração duro- falei, sem saber ao certo de onde aquilo viera.- O coração mais duro do mundo.” Pág.235

“O sol continuava escorregando para longe, e imaginei quantas coisas pequenas e boas do mundo poderiam estar se apoiando nos ombros de algo tão terrível. “ Pág. 305

“Eu falei sério. Realmente me perguntava por que as pessoas sempre estavam fazendo coisas de que não gostavam. Parecia que a vida era um tipo de túnel cada vez mais estreito. Logo que você nascia, o túnel era enorme. Você poderia ser qualquer coisa. Depois, mais ou menos no exato segundo depois de você nascer, o túnel se reduzia para cerca da metade daquele tamanho. Você era menino e já estava certo que você não seria mãe e provavelmente não se tornaria manicure nem professora de jardim da infância. Depois, você começava a crescer e tudo o que fazia fechava o túnel mais um pouco. Você quebrava o braço subindo em uma árvore e descartava ser arremessador de beisebol. Era reprovado em todas as provas de matemática que fazia e cancelava qualquer esperança de ser cientista. Assim. De novo e de novo, ao longo dos anos, até você ficar preso. Você se tornaria banqueiro ou bibliotecário ou barman. Ou contador. E aí estava. Eu pensava que, no dia da sua morte, o túnel estaria tão estreito, você teria se apertado tanto com tantas escolhas, que simplesmente seria esmagado. ” Pág. 330


“E se você acabasse no tipo errado de amor? E se você, por acidente, acabasse no tipo apaixonado por alguém que seria tão nojento se apaixonar que nunca poderia contar a ninguém no mundo a respeito? O tipo que você teria que empurrar tão fundo dentro de si mesmo que quase transformaria seu coração em um buraco negro...” Pág. 354

"" Pág. 451

Espero que tenham gostado
Beijos
Cherry Suicide









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