Foi difícil imaginar uma introdução para essa
resenha, assim como foi difícil para mim “sentir” realmente o primeiro romance
de Nathan Filer, um enfermeiro da ala de saúde metal.
A história em si não tem nada surpreendente
quando lemos a sinopse, o que me fez comprar o livro foi a declaração que ele
nos dá atrás:
“Vou te contar o que aconteceu porque será uma
boa maneira de apresentar meu irmão. O nome dele é Simon. Acho que você vai
gostar dele. Eu gosto de verdade. Mas daqui algumas páginas, ele estará morto. E
ele nunca mais foi o mesmo depois disso. ”.
Pensava
que seria alguma história fantasiosa de um menino e seu falecido irmão, mas é
totalmente diferente.
Matthew conta sua história em dois locais, no
apartamento e no manicômio. Ele usa o computador da instituição e uma máquina
de datilografar que ganhou de sua avó, por isso durante a leitura nos deparamos
com dois tipos diferentes de letra. Ele conta de sua infância, da sua viajem
com Simon, seu irmão que tem Síndrome de Down, e com sua família, conta o
quanto foi difícil quando o irmão morreu e a partir daí o que aconteceu na sua
vida.
No meio do livro nos deparamos com palavras
espaçadas, desenhos feitos por Matt e até uma árvore genealógica quando ele
tenta descobrir de onde vem sua doença, além de cartas e as letras diferentes.
Eu achei um tanto quanto confuso. Me perdi na
passagem de um tempo para outro e Matt não prendeu minha atenção em nenhum momento.
Algumas de suas reflexões são interessantes, mas realmente não foi uma leitura
muito fluida.
Acredito que quem goste de “As vantagens de ser invisível” vá
gostar do livro pela questão do doente mental, dos problemas com isso, como ele
reage na sociedade e como ele se sente, mas também não é via de regra, porque
eu sou apaixonada pelas Vantagens e não gostei de Onde a Lua não Está. Mas basicamente,
é a história de um doente mental e da sua vida como doente. De certa forma
precisava ser espontâneo, sem muitas ligações fluidas, sem muita clareza,
porque a cabeça dele não é clara, imagina tentar colocar essa confusão no
papel.
Acho que Nathan deve continuar se aventurando
nesse mundo da escrita e continuar escrevendo sobre o que entende e o que vive,
por que tem gente que achou muito legal sua escrita, nova e diferente.
Passagens
favoritas:
“Quando
Ashley Stone estava morrendo de meningite, talvez ele soubesse que estava
morrendo, mas sua meningite não sabia. A meningite não sabe de nada. Mas minha
doença sabe de tudo que eu sei. Isso era uma coisa difícil de lidar
mentalmente, mas no momento em que eu entendi, minha doença entendeu também. ” Pág.
67
“Olá, meu nome é o seu potencial. Mas pode me
chamar de impossível. Eu sou as oportunidades perdidas. Sou as expectativas que
você nunca vai cumprir. Sempre estou implicando com você, por mais que tenha esperança.
” pág.107
“E houve outros momentos em que me permiti esquecer. Toda manhã de despertar, de acreditar pelo mais breve instante que tudo era normal, tudo estava bem, antes do chute nas entranhas me lembrar que não estava. ” Pág.232
Espero que tenham gostado
Muitos beijos
Cherry Suicide
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