quarta-feira, 1 de julho de 2015

36º postagem: resenha Boneca de Ossos

Olá leitores,

  Hoje venho aqui, depois de muitos meses, começar mais uma temporada de resenhas (assim espero) dos meus livros de férias. Começando com chave de ouro com um dos sucessos de Holly Black e um dos livros do novo portal da Novo Conceito (#irado), Boneca de Ossos.
  Todos sabem que Black surgiu com a fama de livros de suspense e terror, mas confesso que só fui atrás do trabalho dela quando lançou um livro em parceria com Cassandra Clare chamada “O Desafio de Ferro”, porém acredito que seja um livro mais de aventura, como os de Cassie, do que propriamente um de suspense.

  Boneca de Ossos conta de a história de 3 amigos: Poppy, que aparenta ser a manda chuva das brincadeiras, uma ruivinha esquentadinha e que precisa de tudo do seu jeito; Zach, um menino em fase de crescimento que descobre, além do seu talento para criar histórias, um grande dom para o basquete, acreditando ser esse o único motivo do pai gostar dele; e Alice, uma órfã superprotegida pela sua avó, engajada no clube de teatro da escola e que também ama criar histórias. Aparentemente os três tem 12 anos e quando estão juntos gostam de brincar com seus bonecos, inventando histórias gigantes, que não terminam em um dia. Um dos personagens da atual brincadeira é uma boneca antiga de porcelana muito fina que eles chamam de Rainha, que fica trancada na cristaleira da mãe de Poppy. Eles começaram a adotar um nome para ela e dizer que ela morava em um castelo de cristal por que tinham medo dela, dos seus olhos meio abertos meio fechados e da palidez da porcelana...tão fina. Um dia, graças a uma reviravolta na vida de Zach, Poppy acaba tirando a boneca da cristaleira, chama Alice no meio da noite, acordam o menino para começarem uma aventura assustadora e ao mesmo tempo, diferente do que eu costumo ler. Só vão saber ser lerem.

  O que eu realmente queria falar é sobre o jeito que Black escreve, como se as crianças do livro fossem “normais” assim como nós, que lessem livros com personagens que se metem nas maiores aventuras e que quisessem vive-las também, mas estão no mundo real. Holly usa a 3ª pessoa, mas foca em Zach durante a história e, em um momento durante a jornada, descreve os pensamentos do menino: nos livros que lia, existiam grandes paisagens e perigosos inimigos (citando orcs e elfos- Senhor dos Anéis), enquanto na caminhada dele só via prédios, fabricas e um boliche, sendo seu único inimigo para lutar uma nuvem de moscas. Diz também que heróis pareciam não se importar com o sol, que Aragorn (Senhor dos Anéis, de novo) e Percy (SIM, PERCY JACKSON MEUS CAROS LEITORES \o/) não usavam protetor solar (Capítulo 10). Eu sou essa criança que lê desde pequena, que espera a carta de Hogwarts, que espera meu Sátiro, que espera um mago bater na minha porta me chamando para uma aventura, que espera algum dia encontrar alguém diferente para amar e que esse alguém me de grandes aventuras, que espera desenvolver um poder, ganhar uma missão, fazer algo diferente da monótona vida real. Holly diz, com as palavras de Poppy e os pensamentos de Zach, algo como: quando você cresce, descobre que as histórias eram mentira e não tem outro jeito de viver além da mesma vida chata e amarga. Pessoalmente, se crescer é perder toda minha imaginação, esperança e alegria de viver, eu não quero.
  Essa constante que é “crescer” acompanha o livro durante toda a trama. Começou com o pai de Zach e a atrocidade cometida por ele que, de certa forma, levou à grande aventura. Logo em seguida, o menino diz para as amigas que não quer mais brincar, o que leva Poppy a ficar muito nervosa. Ela começou a sentir que seus amigos estavam crescendo e ela estava ficando estranha. Zach ia ficar com os meninos do basquete paquerando as garotas e Alice ia ficar junto com seu grupo de teatro e fazendo coisas de menina crescida, tornando-se vaidosa e pensando em garotos. A ruivinha estava com medo de perder seus amigos, medo que eles fossem grandes demais para continuar brincando e inventando histórias com ela.

  Em uma tentativa desesperada de não perder seus amigos e acabar a aventura com Zach, mesmo o garoto insistindo que não podia mais brincar (problema com o pai), Poppy reúne a turma com uma história assustadora e uma missão para ser cumprida. No desenrolar, começamos a nos questionar se ela inventou tudo aquilo para tentar reunir os amigos ou se tudo era verdade mesmo, será que eles não estavam grandinhos demais para acreditar em história de fantasmas? De tão irreal e medonha que era a história, Zach e Alice tentam levar na brincadeira até a última gota, indo por causa da amiga, mas não tinha mais jeito de negar o que estava acontecendo.

  Como comentei no começo, a Novo Conceito criou essa nova plataforma chamada #irado que tem como objetivo o público juvenil e eu achei uma ideia muito esperta. A plataforma é toda colorida e apresenta os livros que são indicados para o público jovem, e pelo visto são histórias de crianças com aventuras, como essa da Boneca de Ossos.
  Apesar de ser um livro infantil eu achei a narrativa muito legal, fluida, gostosa de ler, tanto que acabei em dois dias. Comi suas 217 páginas com alguns calafrios de medo, que é o objetivo, e realmente entrei no sentimento das crianças que estão crescendo, com medo, incertezas e tudo mais. As ilustrações no meio do livro são um Up na nossa imaginação, ajudando a pensar nos momentos, nos lugares, nas crianças e naquela boneca sinistra #peloamor
Não é nem uma pitadinha, mas sim um grão de sal de romance no livro que, para leitores acostumados, sabe que poderá acontecer, mas quando é revelado para um jovem leitor tona-se um fato diferente e emocionante. Não é aquela coisa melosa de abraços e beijos e choro e tal, é tão básica e objetiva quando um romance dessa idade. Perfeito.
  No código de barra onde geralmente encontramos a editora vemos o símbolo do #irado e algumas carinhas que “filtram” o que vamos encontrar no livro. No Boneca de Ossos vemos alguns como Terror (realmente temos calafrios), Aventura (que toda criança quer viver) e Mistério (vamos descobrindo as coisas até a última página). É realmente uma ótima forma de incentivar a leitura.


Passagens favoritas:

“Por isso Zack adorava brincar: aqueles momentos em que ele parecia acessar outro mundo, que parecia mais real que qualquer outra coisa. Aquilo era algo que ele não queria abrir mão jamais” pág.8

“Ele se pergunta se crescer era descobrir que a maioria das histórias não passava de mentira.” Pág. 70

“Mas Zack queria que eles [fantasmas] fossem reais, queria desesperadamente. Se fossem reais, então talvez o mundo fosse grande o bastante para ter mágica. E, se existe mágica, talvez nem todo mundo tivesse que ter uma história como a do seu pai, uma história do tipo que todos os adultos que ele conhecia contavam, sobre desistir e crescer amargo.” Pág. 107

“Ele também não pensou que o sol estaria tão quente. Quando juntou suas provisões, ele não pensou em levar protetor solar. Aragorn nunca usava protetor solar. Taran nunca usava protetor solar. Percy nunca usava protetor solar. Porém, apesar de todo o precedente para não usá-lo, ele tinha certeza de que seu nariz estaria vermelho feito uma lagosta da próxima vez que olhasse no espelho.” Pág. 121 e capítulo 10 até 5º parágrafo.

Escala CS para classificação de livros: Perfeito

Espero que tenham gostado
Muitos beijos
Cherry Suicide

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