Olá leitores,
Depois
de muito tempo ausente, voltei para tentar recuperar o tempo perdido.
Atualmente,
os quadrinhos veem crescendo muito rapidamente, proporcionando uma nova forma
de leitura. Seus diferentes estilos, desenhistas, escritores e formas proporcionam
uma leitura rica e com muita imaginação. Mas eles não ficam mais restritos aos
super-heróis, hoje qualquer história, qualquer livro e qualquer sonho pode
tornar-se um quadrinho.
Eventos
como a “Comic Con Experience” trazem desde as celebridades dos quadrinhos até
os ainda ocultos, que muitas vezes apresentam trabalhos fantásticos.
Hoje
vou apresentar A vida Oculta de Fernando Pessoa.
A maioria
das pessoas conhece esse autor português das aulas de literatura, em poemas
como Autopsicografia (O poeta é um fingidor, finge tão
completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras
sente)
e Tabacaria (Não sou nada, nunca serei nada, não posso
querer ser nada, à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo). Nessa outra versão da história
do renomado escritor, Fernando descobre que pertence a uma sociedade secreta
que protege o mundo de um mal, uma “doença”. Ele é obrigado a matar as pessoas
com esse mal para evitar que ele continue se espalhando. Após a morte, ele
escreve um poema e usa o nome do morto.
Um dia, os seus superiores
chegam com uma última missão: matar Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo
Reis. Para quem não conhece muito, esses nomes são apenas mais outros três, mas
no mundo real esses homens são os heterônimos de Fernando Pessoa. Heterônimo é “uma personagem fictícia, criada por escritores cujo
objetivo é tentar compreender e propagar diferentes maneiras de ver a realidade
exterior/interior” {Dicionário Informal}.
Esses homens são parte da alma do autor na vida real e que foram desenhados
como pessoas nos quadrinhos. Cada um tem uma característica da alma de Fernando
na vida real. Ele se identificou com cada uma das personagens de um jeito
diferente, pois eles ainda não estavam completamente doentes, entrando em
contato com o pensamento de cada um, desde o bucolismo de Caeiro até a angustia
existencial de Campos. Os poemas no final de cada morte tinham o estilo de cada
um dos heterônimos.
Além de ser uma história com partes
emocionantes, no final temos uma galeria de desenhos de outros desenhistas, uma
amostra de como os quadrinhos foram feitos e uma explicação sobre o estilo de
escrita de Fernando Pessoa e dos seus três principais heterônimos citados, pois
na verdade são 127 “pessoas” dentro dele. Aí você pode perceber o quão complexa
era a alma de Pessoa.
Ilustrado por Alexandre Leoni e escrito por
André F. Morgado, A vida oculta de Fernando Pessoa pode ter um viés didático,
uma nova forma de ensinar as pessoas que não se dão muito bem com as páginas
sem imagens, mas também é um trabalho de arte e criatividade fantástico que
deve ser experimentado por todos. Quem sabe as escolas adotem como uma forma de
incentivar a leitura dos clássicos?! Quem não adora leu um quadrinho J ?
Passagens favoritas
“A morte é uma curva na estrada, morrer é só
não ser visto... se escuto, eu te oiço a passada. Existir como eu existo... ainda
hoje me pergunto: quem sou eu afinal? Mantenho vivas as memórias dos
infortunados, que me entram e em mim habitam. E ao escrever em seu nome...
encontro a serenidade que preciso para viver mais um dia. Fará isso de mim alguém?
” pág. 13
“Alberto Caeiro: normal, normal... digamos
que não. Mas sabe o que lhe digo? De que vale pensar tanto no amanhã se, para
isso, desperdiço o meu viver no presente? ” pág. 32
pág.36
Espero que tenham gostado. Amanhã terá mais
um especial com um quadrinho.
Artes preferidas:
Beijos
Cherry Suicide